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Segundo análise da TF Agroeconômica, o trigo é uma cultura que sempre oferece margem de lucro ao produtor, mas raramente no momento da colheita. O estudo aponta que o cereal ainda não recebe no Brasil o mesmo cuidado agronômico dado à soja, o que resulta em produtividade e qualidade inferiores. Falta padronização de plantio, uso de sementes certificadas e segregação adequada após a colheita.
Esse ciclo de baixa qualidade leva a preços menores, reduzindo o incentivo ao investimento na cultura. A consultoria destaca que uma mudança nesse cenário deve começar pela valorização do preço, considerado o principal insumo de qualquer lavoura. A TF Agroeconômica defende que universidades e órgãos ligados à produção agrícola devem dar mais atenção à “ciência dos preços”, tão complexa quanto a agronomia.
Se todos os produtores tivessem, por exemplo, 23% de lucro garantido no trigo, haveria mais investimento, adoção rigorosa das recomendações técnicas e melhora geral do setor. No mercado internacional, alguns fatores impulsionaram o trigo. Entre eles, a recuperação dos preços nos Estados Unidos, após o grão atingir as mínimas de cinco anos, e o aumento do imposto de exportação na Rússia em 69%, para 167,7 rublos por tonelada, o que limita a oferta global.
Em contrapartida, há fatores de baixa relevantes. Na Europa, a França ampliou o ritmo de plantio do trigo soft para 57% da área planejada, contra 27% na semana anterior.
No Brasil, a forte concorrência do trigo argentino pressiona os preços internos: em setembro, o cereal importado custava US$ 230 por tonelada, contra US$ 235 do produto gaúcho, segundo dados da Secex e do Cepea/Esalq-USP. Além disso, as importações brasileiras somaram 5,25 milhões de toneladas no ano, o maior volume desde 2007, o que mantém o mercado interno lento e as margens dos produtores sob forte aperto.
